domingo, 28 de março de 2010

Criar me vem de um ser divíno


(Rômulo Alves)


Criar me vem de um ser divíno
E essa compreensão me vem
De fatos inerentes à metafísica,
Pois o criar me faz transcender
E aceitar o divíno como resposta
Para tudo o que me tomaria
O tempo da eternidade


Morada


Em meu coração há uma morada desabitada
Perfeitamente alinhada à sua forma rara
Que abrir as portas a outro alguém nunca ousara
Pois mesmo antes de você chegar
Estava ela a te esperar


Dúvida


Existe algo
Corroendo o meu coração
Que distorce meus pensamentos
E confunde minha razão

Que enfrenta as desavenças
Do amor e da ilusão
Que alimenta a esperança
Carregada de pressão

Que explode em um olhar seu
Em minha direção
Que se cala em meu sorriso
Escondendo uma intenção

Que real face não emite
E nem se sabe se é vão
Isso que se denomina
Dúvida entre sim ou não



Àquele anjo


Irei sentir saudades
Saudades daquela sala
Daquela sala que tinha um anjo
Um anjo dentro daquela sala

Daquela sala um saía, outro entrava
Entrava quem tinha horário marcado
Marcado horário eu tinha e aguardava
Aguardava enquanto com todos o anjo conversava

O anjo conversava comigo sempre
Comigo sempre confuso
Confuso tanto que o confundia
Confundia tanto que saía confuso

Saía confuso e marcava de novo
Marcava de novo um horário
Horário que ali voltaria
Voltaria para falar com o anjo

Com o anjo eu conversava e ria
E ria, e ria
Ria da minha vida que virava piada
Piada até o anjo contava

Contava também coisas de sua vida
Sua vida que era normal
Normal, sem fantasias, comparada à minha
A minha que nem eu e nem o anjo entendia

O anjo entendia de psicologia
Psicologia que no meu caso não servia
Não servia também sua filosofia
Filosofia essa que eu não entendia

Não entendia ali o que buscava
O que buscava? Procurava o quê?
O que pensava? Desejava o quê?
O que será que eu queria?

Eu queria apenas conversar com o anjo
Com o anjo que ali estava
Estava ali dentro daquela sala
Daquela sala que irei sentir saudades


domingo, 14 de março de 2010

Não inclines à esperança

(Rômulo Alves)

Não inclines à esperança
Nos ultimos momentos
Apenas por ainda teres
Destes ultimos momentos

Não espere da esperança
Um resultado favorável
Qual a ela não cabe

Pois a esperança
Baseia-se na espera
E a expectativa
Só favorece a quem ganha
E ganhar,
Nem sempre é a solução

Acredite, pois acreditar
É transcender a esperança
É ter a certeza de poder
E de se alcançar o impossível
Mesmo sabendo
Que não é possível


Da morte


A morte não gosta de abraços,
Por isso hoje não morrerei



O eco é a única resposta
E o grito foi só um alívio

Do arrependimento


Meus joelhos não tocam o chão,
Mas sinto-me próximo ao chão
Enquanto tento tocar o céu

Minhas lágrimas tocaram o asfalto
Enquanto o via do alto,
Mas vendo agora de baixo
O céu é realmente imenso

E no céu a lua ainda não veio
E o sol já não mais brilha
Não é dia, não é noite,
Será tarde?

Eu vejo tudo no nada


(Rômulo Alves)

Eu vejo tudo no nada
E escrevo para o nada
Pois escrever
É minha maneira de ser ninguém
De me associar à solidão
E ser somente sentimento

quinta-feira, 11 de março de 2010

O amor bate em minha porta


O amor bate em minha porta,
Mas dessa vez não o convido à entrar
Ouvi-lo já não mais importa
Não quero mais o enfrentar

O amor bate em minha porta,
Mas não desejo sua companhia
Meu coração já não suporta
Toda a sua teoria

O amor bate em minha porta
Indisposto a ir embora

O amor bate em minha porta
O amor bate em minha porta

segunda-feira, 8 de março de 2010

Ponta da poesia


A tecnologia é de ponta
Que de ponta em ponta
Tudo aponta
E o apontador
Meu lápis aponta
Para nas linhas deste poema
Seguires perdendo a ponta

Pois o poeta ainda aponta a dor
Tanto quanto aponta o amor
Mesmo sem a ponta da tecnologia

Mas se o lápis perder a ponta
Lá se vai a poesia


Confissão


Não te magoes linda moça
Se teu pranto lhe acalenta
É que distante o teu amor
Repousa ao frio que lhe tormenta

E se a saudade como é
Lhe és a única companheira
E teu sorriso murcha ao ver
Que a solidão que lhe sustenta

Digo que és doce dama
E que teu pranto me entristece
E que me cresce uma paixão
Vendo que em ti desaparece

Do amor impossível


Eis que então renasce o sentimento falecido
Que eu, como poeta, acolho como amigo
Por onde andavas tu, Oh! meu sorriso desfalecido?
Bela dor surge no peito, de um coração que quer abrigo

E eu que então sonhava amar um amor perfeito
Enterro toda a esperança em prol desse efeito
A lembrança iluminada clareia meu pensamento
E minh'alma estremece perante o assombro do momento

Lindos olhos ainda tens musa celeste imprevisível
Que me entorpece em seu retrato a mim direcionado
Tua áurea e formosura ainda são do meu agrado

Amo sim um amor, mas amo um amor impossível
Que, mesmo oposto ao desejo de tê-la aqui ao meu lado,
É o único capaz de me manter eternamente apaixonado


domingo, 7 de março de 2010

Diga ao Mundo o que tu pensas


(Rômulo Alves)

Diga ao mundo o que tu pensas
O que dizem as palavras que escrevera no papel
Não prives que te conheçam em sua arte
Não peques pela vanglória (vã glória) singular,
Pois ser poeta é a minha maneira de pagar por meus pecados
E sua arte não há de se diferenciar
Deixe-se criar caminhos, alterar destinos
Diga ao mundo o que tu pensas
Para que diga o mundo o que te pensam

1996


(Poesia escrita aos 8 anos)

Quando saio com os amigos
Gosto muito de brincar,
Mas quando estou contigo
Eu só brinco de te amar